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Técnicas de análise do comportamento não-verbal

Enquadramento


O comportamento humano está no topo de um processo que engloba inúmeras variáveis, internas e externas que o condicionam a situações específicas e que o alteram à medida que essas experiências vão surgindo no dia-dia do sujeito.


Tal como as inúmeras variáveis que o condicionam, também ele se manifesta por diversos meios, sejam eles verbais e não verbais.
Compreender essas manifestações torna-se uma mais-valia na comunicação e na interação com os diversos indivíduos com quem interagimos nas mais diversas situações.


Com foco na Psicologia Social e na interação social humana inerente, este curso permite uma compreensão dos mecanismos psicológicos associados à análise comportamental do indivíduo focando-se na linguagem verbal, não verbal e nos processos cognitivos presentes na motivação e expectativa de determinado comportamento.

Objectivos Gerais
Identificar e aplicar estratégias que permitam desenvolver uma capacidade de análise do comportamento não verbal do indivíduo com
o recurso à Linguagem Corporal e às Micro-Expressões Faciais.

No final da formação, os formandos devem ser capazes de:

  • Compreender os conceitos de Comportamento Social, Influência e Persuasão
  • Desenvolver a capacidade de observação e análise da Linguagem Não Verbal
  • Serem capazes de identificar sinais de desconforto na linguagem não verbal e associá-los à congruência ou incongruência da linguagem verbal

Objetivos Específicos

  • As Emoções e o Comportamento Social
  • Contributos Antropológicos e Evolutivos na Interação Social
  • Posturas que promovem e cessam a comunicação
  • As micro-expressões faciais
  • Ergonomia, distâncias zonais e movimentação no espaço
  • Deteção e Mentira e Sinais de Desconforto
  • Modelos Psicológicos e Emocionais aplicados à Mentira
  • Manifestações de Incongruências verbais e não verbais.

Conteúdos Programáticos

Nível 1: Comportamento Social, Influência e Persuasão

As Emoções e o Comportamento Social
Contributos Antropológicos e Evolutivos na Interação Social
Persuasão e Influência


Nível 2: Análise de Linguagem Não Verbal

Posturas que promovem e cessam a comunicação
As micro-expressões faciais
Ergonomia, distâncias zonais e movimentação no espaço


Nível 3: Deteção e Mentira e Sinais de Desconforto

Verdade e Mentira: Constructos sociais e de comunicação
Modelos Psicológicos e Emocionais aplicados à Mentira
Manifestações de Incongruências verbais e não verbais.

Carga Horária: 12 horas

Formato: Presencial

Acreditação:

Formador:

João Fernando Martins,
Psicólogo desde 2008
Membro Efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses
Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde
Orientador de Estágios de Admissão à Ordem dos Psicólogos

Licenciado Pré-Bolonha em Psicologia (ISMAI)
Mestre em Medicina Legal e Ciências Forenses (ICBAS)
Doutorando em Processos Psicológicos e Comportamento Social (USC)

Dedica a sua actividade ao atendimento clínico no privado a adolescentes e adultos no Porto, Maia, Matosinhos e Póvoa de Varzim.

Formador em várias Universidades e Instituições internacionais nas áreas da Psicologia Clínica e Forense.
Consultor em Análise Comportamental, Persuasão, Influência e Gestão Emocional, no âmbito do treino de Softskills.
Formador certificado pelo IFEP, CCPFC, ISA, WBA, UNDSS e ISO-SEC.

Onde se pode inscrever:

Ações com periodicidade regular nos seguintes locais:

Centro de Formação ao Longo da Vida, Universidade da Maia

Gabinete de Formação da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro

Contactos: psicologia@joaofernandomartins.com

O Crime Imperfeito

Longe vão os tempos das aulas de Psicologia Forense e Criminologia em que se falava do princípio de Locard.

Eu acredito neste princípio.

Locard dizia de uma maneira geral que que o suspeito, por mais “habilidoso” que fosse, deixaria sempre algum vestígio no local do crime.

É claro que pode deixar vestígios que à condição do estado da arte actual podem ainda não ser identificáveis, ou servir como objecto de prova. Certo é que qualquer que seja o vestígio, por mais pequeno que seja, ele é produzido.

Existem vários estudos interessantes, e as polícias de todo mundo começam a desenvolver novas maneiras de detecção de suspeitos.

Fiquei espantado quando soube das evoluções que se estão a fazer nomeadamente na recolha da impressão digital, que se baseará num futuro próximo não da análise de uma impressão completa com coicidência de determinado número de pontos, mas apenas num determinado número de características de uma simples ranhura das centenas que possuimos em cada dedo.

Assim, se uma simples ranhura poderá vir a ser suficiente para a deteção, imaginemos as centenas senão milhares de outras interações que existem no resto do corpo sempre que este entra em contacto com um novo ambiente.

Na mínima hipótese o suspeito respira… quem sabe se no futuro esta troca gasosa não poderá ser objecto de recolha fidedigna e posterior prova?

Não mais importante que isso será também a sua “impressão” psicológica. A experiência de vida que o suspeito vivenciou no local do crime, os cheiros, as cores, as sensações ficam gravadas de maneira consistente na sua memória. É, de facto, também uma área interessante e que será de certeza bem explorada no futuro.

Em opinião própria, o princípio de Locard é um dos mais importantes princípios que devemos utilizar.

“Abriu-nos os olhos”, se me permitirem a expressão, para uma premissa que todos já sabíamos – não somos inertes.

Muitas vezes em consultório referem-me que estão totalmente recuperados dos seus traumas, das suas relações anteriores, das perdas e dos fracassos que sofreram no seu percurso de vida.

Se aplicarmos aqui Locard, isso não existe.

As pessoas mudam de acordo com as suas experiências. Não podemos esperar que depois de uma situação traumática o sujeito faça uma viagem no tempo e fique exactamente igual ao que estava.

Parafraseando Antoine de Saint-Exupèry, “Cada um que passa na nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. Cada um que passa na nossa vida, passa sozinho, mas não vai só nem nos deixa sós. Leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si mesmo.”

Assim, Locard com este principio ajuda-nos a reflectir sobre nós, sobre o nosso dia-dia e sobre aquilo que estamos a fazer que nos poderá estar a deixar “vestígios” nas nossas reais necessidades, nos nossos objectivos e no nosso futuro

Estará o leitor a praticar o crime imperfeito sobre si mesmo?

Até breve

João Fernando Martins